
Brasília, 22 de setembro de 2025 – A iminente saída do ministro Celso Sabino (União Brasil-PA) do Ministério do Turismo, pressionado por um ultimato de seu partido, desencadeou uma disputa velada e intensa entre legendas da base aliada do governo Lula. PT, PDT e o próprio União Brasil, por meio de aliados regionais, já posicionam nomes para ocupar o cargo, em um movimento que expõe as fragilidades da articulação política do Planalto às vésperas da campanha eleitoral de 2026 e da COP30, que será sediada em Belém (PA).
Sabino, deputado federal licenciado eleito pelo Pará, comunicou pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última sexta-feira (19), sua intenção de deixar o posto. A decisão formaliza o desembarque do União Brasil da base governista, anunciado na véspera, que determinou a entrega de todos os cargos em até 24 horas sob pena de expulsão. O ministro, no entanto, negociou com Lula para protocolar a carta de demissão apenas após o retorno do presidente de Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU – previsão para esta quinta-feira (25). “Vamos voltar a conversar”, disse Sabino ao portal G1, em Belém, sinalizando que ainda busca uma ponte para manter influência na pasta.
Candidatos na mira: de Freixo a uma paraense ‘de casa’
A cobiça pelo Ministério do Turismo não é aleatória. O setor é estratégico para a economia brasileira, especialmente com a proximidade da COP30, que colocará Belém no centro das atenções globais sobre turismo sustentável e infraestrutura. Interlocutores do Palácio do Planalto revelam que pelo menos quatro nomes circulam nos corredores do poder, divididos entre as alas petista, trabalhista e regional.
Pelo PT, a indicação mais forte é a de Marcelo Freixo, atual presidente da Embratur e deputado federal pelo Rio de Janeiro.
O PDT, que já ocupa a Previdência com Wolney Queiroz (considerado cota pessoal de Lula), vê na vaga uma oportunidade de expandir sua presença na Esplanada. Líderes trabalhistas reclamam de “espaço reduzido” no governo e miram o Turismo – ou, alternativamente, o Esporte, caso Fufuca saia. “Queremos mais um ministério para equilibrar as forças”, disse uma fonte próxima ao partido à CNN Brasil. Nomes específicos ainda não foram ventilados publicamente, mas o PDT aposta em sua influência no Congresso para negociar.
Do lado do União Brasil, apesar do desembarque, aliados regionais – especialmente do Pará – pressionam para manter a influência na pasta. Sabino defendeu a promoção de sua secretária-executiva, Ana Carla Machado Lopes, advogada paraense e peça-chave nas preparações para a COP30.
A decisão final caberá a Lula, que deve consultar lideranças da base nos próximos dias. Até lá, a Esplanada segue em ebulição, com o Turismo como o novo epicentro das ambições partidárias.