A família de um bebê de 4 meses, que morreu no hospital Guarás em São Luís, entrou na Justiça contra o hospital, o plano de saúde Hapvida e a equipe médica da unidade de saúde, após a criança morrer sem ser tratada a tempo em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), como havia sido recomendado pelos médicos.
O bebê, identificado como José Fernando, morreu no dia 12 de julho deste ano. Na declaração de óbito diz que o menino morreu de insuficiência cardíaca, hemorragia e pneumonia bacteriana.
Por meio de nota, o plano de saúde Hapvida alegou que o hospital Guarás prestou toda a assistência necessária à criança, com a realização de exames e administração de medicamento (veja a nota no final da matéria).
Segundo a família de José, o bebê foi quatro vezes atendido na Pediatria do hospital Guarás, com problemas de saúde. No local, um médico assinou um pedido de internação em leito de UTI pela emergência, mas o hospital não autorizou o atendimento.
Diante da recusa, a família recorreu à Justiça e ajuizou uma ação contra o Hapvida Assistência Médica Limitada, para que o plano autorizasse os procedimentos recomendados pelos médicos.
O pedido foi aceito pela juíza auxiliar da comarca de São Luís, Iris Danielle de Araújo Santos, que deu um prazo de 24 horas para que o bebê fosse internado, mas o plano de saúde negou, alegando carência contratual.
Com a demora no atendimento adequado, o bebê acabou indo a óbito. Para a família da criança, o hospital agiu com negligência e desumanidade.
“Foi uma negligência total, descaso total e foi desumano o tratamento. Desumano de olhar uma criança daquela idade sofrendo o tempo inteiro, sem parar, buscando o oxigênio, tentando respirar e até chegar na morte. E eles olhando sem sentimento nenhum”, lamentou o Fernando Bezerra, que é avô de José.
Ainda de acordo com a família, ela se dispôs a bancar, imediatamente, os custos do hospital, já que o plano não tinha acatado a ordem judicial.
“Quando eles não respeitaram a ordem judicial liminar de internar na UTI, eu cheguei lá na madrugada e falei com o responsável do hospital e perguntei quanto seria para poder internar meu neto imediatamente na UTI, e ele ficou indo pro escritório pra falar com o jurídico e não voltou mais. Nos deixou lá até a hora da morte da criança”, afirmou o avô de José Fernando.
A avó do bebê, que é técnica de enfermagem, afirmou que os procedimentos do hospital não foram feitos adequadamente e que a unidade de saúde abriu a UTI tarde demais.
“Quando ele (o médico) voltou da UTI, o que ele me disse, ele chegou dizendo pra mim: ‘vó, sim, eu fiz todos os procedimentos’. Eu disse: ‘fez não doutor, o senhor não fez, eu sei que meu neto já saiu daqui morto’”, lamentou a avó do menino.
O advogado da família moveu uma ação civil contra o hospital e o plano de saúde e uma ação criminal contra a equipe médica, acusada de conduta criminosa.
“Queremos que os responsáveis pela morte da criança sejam realmente punidos, que seja instaurado um inquérito policial a fim de investigar a prática do crime de homicídio doloso, na modalidade de dolo eventual. E os responsáveis que causaram a morte do bebê sejam punidos rigorosamente”, declarou o advogado da família Rafael Pessoa.
Por meio de nota enviada à TV Mirante, o plano de saúde Hapvida alegou que o hospital Guarás prestou toda a assistência necessária, com a realização de exames e administração de medicamento.
Leia a nota na íntegra
A companhia lamenta profundamente o falecimento da criança. Desde que deu entrada na unidade, o paciente recebeu toda a assistência necessária, com exames e administração de medicamentos indicados para seu quadro de saúde, além do atendimento ter sido prestado em sala equipada com aparelhos de terapia intensiva. Mesmo com todos os esforços da equipe, infelizmente, o paciente não resistiu ao quadro clínico de dificuldade respiratória. A empresa reforça o seu pesar e está à disposição da família para ajudá-los a lidar com essa perda irreparável.