• Maior seca dos últimos 10 anos atinge região da baixada maranhense e causa a morte de milhares de peixes

    A seca que atinge a Baixada Maranhense, região que compreende mais de 20 municípios do Maranhão, é considerada a maior dos últimos 10 anos. A situação tem causado transtornos e afetado a população local já que muitos lagos e lagoas secaram e com isso, milhares de peixes morreram.
    A estimativa dos pescadores da área é que, nos últimos dias, pelo menos cinco toneladas de peixes tenham morrido devido a seca no Lago de Itans, em Matinha, cidade a 222 km de São Luís.
    “Eu tenho 70 anos. Eu presenciei já três secas grande assim […] Uma em 81, uma em 2012 e outra essa agora que nós estamos em 2023”, relembra o pscicultor Silas Silva

    O lago possui uma área de 4 km² e é um dos mais importantes da Baixada Maranhense, região conhecida por grandes planícies baixas que, na estação chuvosa, formam grandes lagoas. Após seis meses de estiagem, o que era um lago se transformou em um córrego.
    “A vida do pescador é nesse lago. Tirando o de casa, ainda fazendo um ‘troquinho’. Aí seca, fica mais complicado”, diz o pescador Givanildo Mendonça.
    Sem água e oxigênio suficientes, associado com as altas temperaturas em Matinha, os peixes agonizam em busca de ar. Com isso, milhares de peixes acabaram morrendo e em meio ao material apodrecido, os pescadores retiram os que ainda estão vivos.
    “Muita tristeza e já morreu muito [peixe]. Isso aqui não está nem na metade do que já morreu”, revela o pescador Manoel Costa Martins.
    No meio desse material perdido, o pescador Nivaldo Reis ainda tem esperança de recuperar parte dos peixes que foram perdidos. “A gente vai dar um jeito, botar no açude. Para eles passarem mais um dia, porque uma ‘estragação’ dessa aí é mais ruim pra gente”, diz.
    A seca do lago e a morte dos peixes impactam na economia e a subsistência das comunidades que vivem na área, pelo menos 10 mil pescadores dependem diretamente do Lago de Itans, em Matinha (MA). Dados apontam que, 90% da população de pescadores da área, também se alimentam do que é produzido por meio do lago.
    “90% são os pescadores da pesca nativa e os outros 10% são os compradores. Então de qualquer forma todos são envolvidos e se alimentam daqui do lago”, explica o agente comunitário.
    Com os peixes mortos, a reprodução das espécies deve ficar comprometida. No período da piracema, que começa em novembro e vai até o fim de março, o Governo Federal dá auxílio de um salário mínimo mensal aos pescadores.

    “Hoje, os pescadores não vão sentir porque eles estão naquele período dos quatro salários mínimos, mas vão sentir falta depois que terminar o ‘defeso,’ vão sentir falta porque não vai ter peixe”, explica Narlon Silva, piscicultor.

    Os efeitos da seca se espalham pela região. Sem água, os bichos vagam pelos campos procurando algo para beber. Os búfalos, animais comuns nessas áreas alagadas, buscam refresco na lama que sobrou dos igarapés.
    Em meio ao campo, distante de quase tudo e dos centros das cidades, a água potável para consumo das famílias também está em falta. A cisterna precisa ser abastecida com carro pipa que, por conta da distância, demora para chegar na região.

    “A gente vai buscar água em Itans. Vai de moto, de carro, enquanto não chega essa água pra gente . se demorar dois ou três dias, o sofrimento é mais”, diz Martins.

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