Em todo o estado, são mais de 160 mil eleitores de 16 e 17 anos aptos a votar, representando 3,13% do eleitorado
A consciência política entre os adolescentes é um divisor de águas para o fortalecimento da democracia e a construção de um futuro cada vez mais representativo. Nas eleições municipais de 2024, que serão realizadas no dia 6 de outubro, mais de 155 milhões de eleitores estão aptos a escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em todo o país. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Maranhão se destaca no cenário nacional por ter o maior percentual de eleitores adolescentes do Brasil.
“Apesar de o meu voto ser facultativo, porque eu sou menor de idade, eu acho muito importante tirar o título e votar esse ano. Desde cedo começamos a criar um senso crítico maior para escolher as pessoas que vão resolver os problemas e atender às necessidades da população,” compartilha João Guilherme, de 17 anos, estudante de escola pública em São Luís.
A participação dos jovens é, de fato, essencial para a construção de um cenário político mais representativo e inclusivo. Na visão da advogada e professora Natalie Oliveira, do Centro Universitário Estácio São Luís, é algo excelente para o país.
“Essa participação é resultado de uma busca incansável pela democracia que se concretiza nas urnas. Índices como esses demonstram a esperança de melhoria nas políticas públicas, com a possibilidade de ocupação plena e mais igualitária dos espaços de poder, inclusive para os grupos mais vulneráveis”, analisa.
Ana Clara Lima Saraiva, de 16 anos, estudante de uma escola privada em São Luís, também destacou o valor do voto para a democracia: “O voto de quem tem 16 e 17 anos é muito importante para a democracia. Quando a gente tem uma participação ativa no processo eleitoral, a gente também aumenta a nossa consciência política. E, com isso, a gente começa a exercer um ato de cidadania muito importante para o nosso futuro”, afirma.
Crescimento e impacto
O Maranhão conta com 5.180.738 eleitores aptos a votar. Esse é um aumento de mais de 400 mil pessoas na comparação com a última eleição municipal em 2020. Em São Luís, o número de eleitores chega a 746.828, enquanto em Imperatriz, o segundo maior colégio eleitoral do estado, são 201.099 eleitores.
O Maranhão se destaca por seu eleitorado jovem, com 162.011 adolescentes de 16 e 17 anos aptos a votar, representando 3,13% do eleitorado do estado. Este número coloca o Maranhão à frente de outros estados como Roraima (2,74%), Tocantins (2,65%), Acre (2,57%) e Amapá (2,45%). Esse engajamento precoce é resultado de campanhas governamentais de incentivo ao voto jovem, que começaram a ganhar força em 2022.
A alta participação de eleitores adolescentes pode influenciar significativamente o resultado das eleições e as propostas dos candidatos. “Penso que seja justamente garantir a inclusão, a participação e a pauta deles no meio da política”, disse Natalie. Ela acredita que a representatividade jovem pode inserir novos temas na política e atraí-los para a participação social. “Isso vai refletir na criação de políticas públicas, na elaboração de novos projetos de lei e pode até influenciar no programa de governo que será apresentado pelos candidatos”, afirma.
Desafios e oportunidades
Nesse contexto, os principais desafios para os partidos políticos e candidatos envolvem conhecer esse público e seus anseios. “Os partidos e os candidatos precisam conhecer a realidade e os anseios desse público, assim como investir em redes sociais e internet para se aproximar mais ainda dos jovens. Que direitos eles querem? Qual é o objetivo que estão buscando? O que precisam alcançar imediatamente?”, questiona Natalie.
A professora também ressaltou que a política tradicional, com campanhas de jingles e santinhos, será insuficiente para atingir esse público específico. “É necessário que esses partidos adotem uma perspectiva mais astuta e inteligente para alcançar e influenciar um grupo tão articulado e exigente”, afirmou.
Para melhorar a educação política e a conscientização entre os jovens eleitores de 16 e 17 anos no Maranhão, Natalie finaliza sugerindo políticas públicas de conscientização de fácil e rápida compreensão. “É mais do que falar e demonstrar aos jovens a importância do voto e como ele pode produzir resultados incríveis na prática”, explicou.
“Há um protagonismo dos jovens maranhenses na política que tem sido estimulado por todas as instituições dentro do Estado. E isso certamente influenciou os números apresentados”, concluiu Natalie.