• Maranhense de 16 anos é premiado na maior feira de ciência pré-universitária do mundo

    Aos 16 anos, o estudante Pedro Paulo Milhomem Braga recebeu o Prêmio Non-Trivial da Feira Internacional de Ciência e Engenharia Regeneron, a maior feira de ciência pré-universitária do mundo, que aconteceu entre os dias 11 e 17 de maio em Los Angeles, nos Estados Unidos.

    O projeto de Pedro Paulo tem como o objetivo encontrar meios de exterminar focos de doenças tropicais, como o Aedes aegypti (transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela) e o Anopheles (da malária). Para isso, ele começou a pesquisar sobre a forma como comunidades tradicionais de sua região se protegiam dessas ameaças. Natural de Imperatriz, no Maranhão, ele encontrou a resposta no Juá Bravo, uma erva daninha comum em solo brasileiro.

    Eliminando vetores

     

    A cidade de Imperatriz é conhecida como “Portal da Amazônia“, e seu clima tropical quente e úmido favorece a transmissão de arboviroses, como a dengue, por exemplo. Até o dia 23 de maio, o Brasil contabilizou 5.213.564 casos prováveis da doença apenas em 2024, segundo o painel de monitoramento de arbovirose do Ministério da Saúde. O número é mais de três vezes maior do que o registrado em todo o ano passado (2023), que teve cerca de 1,6 milhões de casos prováveis.

    É neste contexto que entra o projeto de Pedro Paulo: na pesquisa, o jovem analisa o biopotencial do extrato da folha da espécie Solanum viarum Dunal como larvicida (agente que destrói larvas). Além de produzir um biolarvicida, ele criou um protótipo de biocontrolador para modificar geneticamente as larvas dos vetores, o EcoLarvaControl.

    À GALILEU, o estudante explica que as larvas dos mosquitos (dípteros culicídeos) se desenvolvem dentro da câmara principal do protótipo enquanto absorvem princípios ativos do extrato. “Para realizar mais testes, a gente conseguiu diminuir o tempo de crescimento da larva, que normalmente gira em torno de sete a 10 dias”, conta Pedro Paulo. “Usando nutrientes específicos, cortamos pela metade esse tempo. Em apenas cinco dias, a larva já se transforma em mosquito. E apenas as larvas machos se transformaram em mosquito.”

    Entre os resultados estão a mutação de genes responsáveis pela desintoxicação de substâncias químicas e o dimorfismo sexual em mosquitos sobreviventes, o que os tornou estéreis, ou seja, incapazes de se reproduzir.

    Observou-se que os princípios ativos presentes no extrato não matam os insetos instantaneamente, mas interferem no desenvolvimento e servem como um regulador para o crescimento deles. A saponina apresentou melhor resultado de letalidade em 24 horas a uma concentração de 400mg/ml — o projeto mostrou ainda que 500ml do extrato podem exterminar 5 mil larvas.

    Feira internacional

    A edição de 2024 da Regeneron ISEF contou com representantes de 70 países, entre os quais estavam 11 jovens brasileiros. De acordo com a Society for Science, organizadora do evento, a categoria “Non Trivial” premia estudantes de ensino médio de 14 a 20 anos de idade com o intuito de “reconhecer e incentivar projetos que abordem os problemas mais urgentes do mundo, como mudanças climáticas, pandemias e riscos da inteligência artificial“.

    Pedro Paulo recebeu um prêmio no valor de US$ 500, além de US$15 mil para aprimoramento do trabalho orientado pelo professor Zilmar Timóteo Soares, da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL). A escola atuou em parceria com a universidade para desenvolver o trabalho por meio do programa de extensão Cientista Aprendiz.

    Maranhense de 16 anos é premiado na maior feira de ciência pré-universitária do mundo — Foto: Arquivo pessoal
    Maranhense de 16 anos é premiado na maior feira de ciência pré-universitária do mundo — Foto: Arquivo pessoal

    Em 2023, o projeto de Pedro Paulo já havia sido finalista da Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), realizada em Novo Hamburgo (RS). Dessa mostra, finalistas de sete estados (RS, SC, PR, SP, CE, RN e MA) foram selecionados para representar o Brasil na Regeneron ISEF de 2024.

    O jovem conta que pretende seguir carreira na medicina, sem deixar a pesquisa de lado. “Foi muito gratificante para mim poder representar minha cidade no interior do Maranhão, o meu estado e o meu país”, afirma ele. “[Espero] que eu possa estar contribuindo para uma melhor qualidade de vida na comunidade, na rede de onde eu moro, se não posso dizer, no mundo.”

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