• “Não há rompimento entre Flávio e Brandão; vamos em busca do consenso”, diz Felipe Camarão em entrevista ao JP

    Não há rompimento entre o ministro Flávio Dino e o governador Carlos Brandão Brandão. Foi o que afirmou o vice-governador do Maranhão Felipe Camarão em entrevista exclusiva ao Jornal Pequeno publicada na edição impressa deste domingo, 12. Sobre a sucessão de 2026, Camarão afirmou que vai insistir no diálogo com Brandão em busca de consenso.

    Embora garanta que não há o tão apregoado rompimento, Felipe admite que surgiu um clima hostil no relacionamento de do governador Brandão com  ex-governador Flávio Dino, hoje no Supremo Tribunal Federal (STF).

    No domingo passado (5 de janeiro), Felipe reuniu em São Luís com Marcus Brandão, presidente do MDB-MA e irmão do governador Carlos Brandão, em um encontro político. A reunião teve como objetivo alinhar a parceria entre os dois grupos, após divergências que ameaçavam a candidatura de Camarão ao governo estadual em 2026.

    As relações entre os grupos de Flávio Dino e Brandão se deterioraram nos últimos meses. O distanciamento ficou evidente em novembro de 2024, quando Dino não convidou o governador para seu casamento, sugerindo um rompimento.

    Em resposta às tensões, Felipe Camarão reforçou a necessidade de preservar a aliança política construída nos últimos anos. Em pronunciamentos, destacou a importância de uma transição governamental que respeite os compromissos previamente assumidos, com Brandão concorrendo ao Senado e ele como candidato ao governo.

    Felipe não esconde de ninguém os esforços que vem fazendo buscando uma reaproximação. Ele acredita na pacificação entre os grupos políticos e na conquista de uma unidade que garanta apoio à sua candidatura para o Governo do Estado em 2026.

    “Todos nós estamos empenhados nessa unidade porque ainda há muito o que fazer pelo Maranhão, e só iremos conseguir progredir com união e trabalho. Com essa visão e sob a liderança do presidente Lula, esse grupo continuará a promover as mudanças que o Maranhão precisa”, afirma Felipe Camarão nesta entrevista ao Jornal Pequeno:

    Jornal Pequeno – Como está, de verdade, essa situação do grupo governista? Quais os passos mais recentes para tentar acabar com esse clima ruim existente hoje no grupo? 

    Felipe Camarão – Devemos ter em mente que a população elegeu e reelegeu o ex-governador Flávio Dino sempre no primeiro turno. Depois, a população reelegeu o governador Brandão também no primeiro turno. Isso demonstra que a população aprovou as políticas públicas implementadas desde 2015, como escolas dignas, hospitais regionais e restaurantes populares.

    Relembro isso para reafirmar que eu trabalho sempre pela união deste grupo político. Desta forma, tenho conversado com os ministros do presidente Lula, a presidente do PT, do meu partido, que é a deputada federal Gleisi; os secretários do governador Brandão e com o próprio governador. E todos nós estamos empenhados nessa unidade porque ainda há muito o que fazer pelo Maranhão, e só iremos conseguir progredir com união e trabalho. Com essa visão e sob a liderança do presidente Lula, esse grupo continuará a promover as mudanças que o Maranhão precisa.

     – Algumas missões para tentar resolver essa situação já foram incumbidas a você, mas todas elas podemos dizer que não surtiram efeito. O que é que atrapalha?

    – Não existe essa história de missões mal sucedidas. Eu tenho conversado com todo mundo: classe política, movimentos sociais, empresários e o PT. Estou ouvindo, ponderando e seguimos em busca de conciliar as diferentes opiniões, que são naturais na política. Sinto de todos uma vontade de seguir ajudando o governador Brandão e contribuindo com o nosso Estado.

     – Recentemente você teve uma reunião com o presidente do MDB, Marcus Brandão, irmão do governador, e logo em seguida o Solidariedade, partido comandado no Maranhão pelo deputado Othelino Neto, acionou a Justiça para tentar cassar o prefeito eleito de Colinas, Renato Santos, do grupo dos Brandão. O que acontece? Tem alguém atrapalhando esse processo de tentativa de paz no grupo governista?

    – Houve de fato uma representação contra o prefeito eleito (de Colinas), o que eu soube pela imprensa. Considero que isso faz parte da disputa política local, reflexo de eleições muito disputadas. Esses assuntos devem ser tratados nos municípios e pelas pessoas envolvidas. Eu tenho certeza de que isso não vai interferir na nossa relação política com o governador Brandão.

    Felipe Camarão e Carlos Brandão: diálogos pela unidade

    – Então não há rompimento do governador Brandão com o grupo de Flávio Dino?

    – Não há rompimento. Nunca houve nenhuma declaração minha ou do governador Brandão nessa direção.

    – O resultado das eleições municipais em todo o Maranhão pode ter criado animosidades nas bases políticas do governador?

    – Todos os políticos trabalham para fortalecer os seus partidos políticos e eleger os candidatos que são aliados. Isso é uma tradição na política, praticamente um dogma. Durante o governo Flávio Dino, aliados do ex-governador disputaram as eleições municipais, mas depois todos se reagruparam para ajudar o governo. A disputa política deve ficar para o tempo das eleições. Agora é hora de levarmos investimentos para mudar a vida das pessoas nos municípios.

    – O que explica o movimento contra a deputada Iracema Vale na Assembleia Legislativa?

    – Houve de fato uma disputa muita acirrada pela presidência da Assembleia que terminou em 21 a 21, surpreendendo todo o meio político.  A deputada Iracema foi reconduzida ao cargo pelo critério da idade e o partido Solidariedade acionou o STF questionando esse critério. Agora cabe à ministra Carmem Lúcia julgar o mérito da questão.

    -Mas têm sido cada vez mais reiteradas as investidas na Justiça, contra atos administrativos e posturas políticas do governador. Não é isso?

    Quando não há consenso na política é normal alguma parte buscar o Poder Judiciário para estabelecer alguns parâmetros. Mas eu acredito que vamos encontrar o caminho pela política e com base no diálogo.

    – De que forma então poderá haver uma reconstrução desta aliança que houve entre Dino e Brandão?

    – Em cima do legado do ex-governador Flávio Dino; isto é, das políticas públicas que transformaram as vidas de milhares de maranhenses. Na eleição de 2022, o governador Brandão e eu firmamos um compromisso com a população em dar continuidade e ampliar os serviços públicos iniciados pelo ex-governador Flávio Dino. E eu tenho certeza absoluta de que nenhum de nós dois, nenhum deputado estadual e deputado federal eleito pelo nosso grupo político, e também os senadores querem desfazer esse compromisso com a população. Portanto, nós vamos encontrar o caminho para continuar com as mudanças que o Flávio começou e tanto sonhou para nosso estado.

    – Com o atual cenário político, que esboço já se pode ter para a sucessão de 2026? O senhor acredita que Brandão sairá candidato ao Senado ou ficará governador até o final de seu mandato?

    – Eu quero e trabalho para que o curso natural da política siga em frente, sem rupturas e conflitos. Sendo assim, o Brandão será, se decidir sair para o Senado, o meu candidato a senador, assim como eu quero ser o candidato dele ao governo do Maranhão.

     

    Foto de Felipe Camarão

    LEGENDA – Felipe Camarão falou com exclusividade ao Jornal Pequeno

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